Eixo 1: Transferência e interpretação, por Isabel do Rêgo Barros Duarte

A relação incontornável entre transferência e interpretação leva a uma questão bastante repetida ao longo da história da psicanálise: o que vem antes, transferência ou interpretação? É preciso esperar a instalação da transferência para interpretar ou é justamente a interpretação que instaura a transferência?

No caso Dora, Freud “tropeça” com a transferência ao se deparar com o limite ou mesmo a ineficácia de suas interpretações, que não impedem a paciente de interromper o tratamento. Esse tropeço inaugura a função do psicanalista, diferenciando-o do médico que visa a traduzir os sintomas. O que aparece aí, com a surpresa de Freud diante da transferência, é o aspecto de amor, de libido em jogo em uma análise.

Eixo 2: Transferência e paixões, por Andréa Reis Santos

Neste eixo pretendemos reunir os trabalhos que nos ajudem a pensar na transferência como o tipo de ligação que enlaça o sujeito em uma experiência de análise a partir do modo como Lacan articulou esse fenômeno às paixões.

Os primeiros casos relatados por Freud trazem notícias de que o fenômeno da transferência foi uma surpresa para ele. Foi com Dora que Freud se viu forçado a “descobrir” a transferência, por ter se deparado com um afeto que o analista não sabia dominar: o amor. Depois, nos anos 20, houve uma segunda surpresa quando Freud e seus alunos se deram conta de que a transferência também podia assumir uma forma hostil. Miller justifica essa surpresa dizendo que no início Freud pensava que a investigação que opera na experiência analítica devia ser uma investigação de puro saber, de onde se tratava de extrair uma verdade. Ideia que de alguma forma colaborava para uma separação ou até mesmo uma oposição entre o mundo do pensamento e o campo dos afetos.

Eixo 3: A posição do analista: saber e objeto, por Ana Lucia Lutterbach

A transferência na prática é o que presentifica o inconsciente.

O convite do analista para que o sujeito se entregue à associação livre, inaugura uma fala diferente da fala habitual impregnada de uma suposição de saber atribuído ao analista sobre o sofrimento do sujeito, seu sintoma. Essa fala que supõe um saber a advir produz uma proliferação de sentido, que surge como memória ou como surpresa, isto é, ao mencionar experiências recentes estas se associam a lembranças e ao contá-las podem aparecer significantes esquecidos ou imprevistos. Essa busca de sentido é uma tentativa vã de recobrir o insabido, tamponar o real.

Eixo 4: Na prática: obstáculos e invenções, por Tatiane Grova Prado

Como usualmente acompanhamos nos textos freudianos, é a partir de um impasse na prática que Freud faz um avanço na teoria. Ao se deparar com o efeito de um elemento imprevisto no caso Dora, Freud começa a jogar luz na relação do analisante com o analista e seus efeitos nos casos. A descoberta é a de que há um lugar que o analista passa a ocupar nas “‘sequências’ psíquicas” do analisante, nos termos de Freud. Em outros termos, o analista é “revestido com os ornamentos da fantasia” do analisante, o que quer dizer que se há diálogo do analisante com seu inconsciente isso se dá e é garantido pela presença do analista.

Eixo temático 1:
Transferência e interpretação, por Isabel do Rêgo Barros Duarte

Eixo temático 2:
Transferência e paixões, por Andréa Reis Santos

Eixo temático 3:
A posição do analista: saber e objeto, por Ana Lucia Lutterbach

Eixo temático 4:
Na prática: obstáculos e invenções, por Tatiane Grova Prado